sexta-feira, 4 de março de 2011

Josephine Baker, a homenagem no Teatro da Trindade

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Josephine Baker, a homenagem no Teatro da Trindade

As iniciativas que pretendem de certo modo homenagear Josephine Baker pela sua coragem, incluem uma exposição documental e de pintura será inaugurada sexta-feira no Trindade, um musical a exibir também naquele teatro, dias 11 e 12, a edição de um livro e ainda um passeio pelos locais onde Josephine Baker passeou quando esteve em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, Moreira dos Santos, coordenador das iniciativas programadas, disse "Pretendemos realçar a faceta humanitária e de defensora dos Direitos Humanos de Baker, a par da extraordinária carreira artística de grande vedeta que foi.
Além de cantar, Josephine Baker trabalhou na Resistência Francesa, desenvolveu trabalho de espionagem, e as suas deslocações a Portugal tinham muito a ver com essa actividade clandestina.
Segundo João Moreira dos Santos ela até trazia as pautas codificadas com as posições do exército alemão quando veio cantar a Portugal, no Teatro dsa Trindade, em 1941.
"Ela escrevia as mensagens nuns papelinhos, depois ia à livraria em frente ao Trindade e colocava-os estrategicamente dentro de uns livros que um agente inglês ia depois buscar", recordou Moreira dos Santos.

A exposição divide-se em duas partes: uma documental, com cartazes, fotografias, discos e documentos inéditos, e outra artística, de Xicofran.
A parte documental mostra duas fichas, com fotografia, que a cantora preencheu na Inspeção Geral dos Espectáculos quando actuou em Portugal, em 1941 e 1958 e estes documentos pertencem ao fundo documental de João Moreira dos Santos e também de Vasco Bruno Tarallo, coleccionador italiano que reuniu seis mil peças que pertenceram à artista.
Xicofran pintou três telas de grandes dimensões em acrílico e pastel de óleo. Segundo declarou à agência Lusa ficou fascinado por ter pesquisado sobre uma mulher como Josephine Baker.

Josephine Baker faleceu em 1975, aos 68 anos, em Paris, a cidade onde se tornara vedeta em Outubro de 1925, no Théâtre des Champs-Élysées, e na temporada seguinte seria estrela das Folies Bergère.
João Moreira dos Santos disse ainda que Josephine Baker, fugiu de Nova Iorque e foi para Paris para fugir das perseguições racistas em Saint-Louis e, quando estava no apogeu da carreira, teve de novo que fugir perante a invasão alemã, em França.
Na altura era casada com um judeu, e integrou a Resistência Francesa, levando a cabo várias missões de espionagem em Portugal, França e Marrocos.
Diz Moreira dos Santos que "Quando actuou em Portugal, no Trindade, os espetáculos foram a 'capa' dessas actividades de espionagem".
A primeira vez que passou por Lisboa, em 1939, "numas curtas horas", foi também em trânsito numa das suas missões de espionagem.
Em Novembro de 1960, foi a última vez que Josephine Baker cantou em Portugal, na RTP, e durante a actuação fez "uma prece pela emancipação da raça negra e um apelo para que os homens se respeitassem, e que eram todos iguais", acrescentou Moreira dos Santos.

"A mensagem passou despercebida por ter sido feita em francês e os jornalistas não fizeram qualquer citação, ou a censura cortou, pois só em Janeiro do ano seguinte o jornalista José Neves de Sousa fez uma referência ao facto numa revista", sublinhou Moreira dos Santos.

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