quarta-feira, 1 de abril de 2009

Os problemas da CPLP

Quando se fala de CPLP temos de ter em consideração todo um conjunto de factores. Primeiro e em termos institucionais (quer dizer no Registo das Pessoas Colectivas) CPLP quer dizer Comunidade de Países de Lingua Portuguesa o que nos diz apenas e é bom lembrar isto que se trata de uma comunidade de pessoas que constituem países que falam português. Quer isto dizer também, que as comunidades que falam português, estando integradas cada uma em seu país, desde que estes países, não tenham como lingua oficial o português, não fazem de uma forma directa parte da CPLP.

Farão parte da CPLP, sim, se eventualmente tiverem uma nacionalidade de um dos países que falam português: estão assim afastados da CPLP os Luso /S.Tomé/Cabo Verde etc. que não tenham mantido a nacionalidade das suas respectivas origens ancestrais, por uma razão ou por outra.

Na CPLP, os objectivos, fins, programas, etc. é onde a coisa começa a complicar-se: o termo comunidade implica que exista alguma afinidade (que neste caso se encontra desde logo na língua portuguesa) pelo que, na pior das hipóteses a Associação nunca poderia ser rejeitada em termos notariais porque de facto as pessoas (países) que dela fazem parte falam (ou têm como língua oficial) o português.

Mas, não se constitui uma associação apenas para figurar no Registo: necessário é que elas tenha um objectivo ou tenha objectivos. Pode dizer-se que trata de interesses comuns e estamos safos até aqui. Mas o que são interesses comuns?

O que são interesses comuns toda a gente sabe, são aqueles que interessam a todos ou a uma parte de todos, no sentido, estes últimos, de conseguir a preservação da comunidade. Quer isto dizer que se aplica aqui o lema dos três mosqueteiros: um por todos todos por um.

Ora até aqui, com maior ou menor dificuldade, vamos entendendo aquilo que é uma comunidade, quais são alguns dos seus objectivos, mas, regressando à base acabamos por ver que o fundamento substancial da dita comunidade é a língua portuguesa (os países que a têm como língua oficial), ou seja, uma coisa abstracta que é o falar, entendendo mesmo todas as implicações desse mesmo falar que são do âmbito do cultural.

Há aqui uma zona pelo menos cinzenta, para não dizer desde logo negra, em relação às comunidades de descendentes dos diferentes países que fazem parte da CPLP mas que não têm a nacionalidade de um desses países.

Sendo, de uma forma geral, aqueles que maior necessidade terão em conservar a cultura da sua origem territorial, mesmo sendo para todos os efeitos estrangeiros e estranhos (em termos institucionais) à CPLP, seria, a meu ver, de arranjar uma fórmula que permitisse a sua integração, quanto mais não fosse com um estatuto semelhante ao de observador (não meramente passivo) , de forma a manter uma possibilidade de manutenção de laços culturais que institucionalmente se rejeitam.

1 comentário:

  1. Olá Daniel.
    Descobri o seu blog.

    Já tinha enviado um comentário, mas como não percebi se o recebeu envio-lhe outro.

    Este artigo é de interesse cultural, sem dúvida nenhuma.
    Quanto ao estilo de escrita(na minha opinião) é muito boa e de cunho bastante pessoal.
    Boa sorte para este blog.
    Abraço amigo
    Liliana josué

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