segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comunidade Vida e Paz: 20 anos de ajuda aos sem-abrigo


A Comunidade Vida e Paz celebrou este Sábado 20 anos de ajuda aos sem-abrigo. Um trabalho iniciado pela conjugação de sensibilidades e acompanhamento aos pobres de Lisboa no final da década de 80.
Em 1989 o então Patriarca, D. António Ribeiro, promulgou os estatutos e deu forma jurídica à Comunidade Vida e Paz que no terreno já acompanhava pessoas em situações de fragilidade social.
O Vice-Presidente da Direcção, Júlio Neves, recorda ao programa Ecclesia que em 1992, o Estado, através do Comissariado da Luta Contra a Pobreza, conferiu um subsídio que permitiu a Comunidade crescer. “Actualmente, a Comunidade Vida e Paz tem sede no centro de Lisboa, em Alvalade, e dispõe de três centros de recuperação, tratamento e reinserção de pessoas, preparados para acolher 270 pessoas.
“Dispomos de instrumentos que nos permite trabalhar pela reinserção das pessoas”, adianta Júlio Neves, propondo a reinserção social que respeite a dignidade e vá de encontro às necessidades da pessoa humana.
A Comunidade Vida e Paz dispõe de 100 profissionais que ajudados por cerca de 400 voluntários estão disponíveis para ouvir e acompanhar a realidade dos sem-abrigo.
Todas as noites saem três equipas em carrinhas que percorrem as ruas da cidade de Lisboa, contactando os sem-abrigo, levando alimentos e vestuário, mas “essencialmente disponíevis para conversar e estar com eles, mostrando-lhes ser possível mudar a sua vida”.
Celestino Cunha, psicólogo da Comunidade Vida e Paz, responsável pelo trabalho de rua e pelas admissões dos sem-abrigo, acompanha esta franja da população na cidade de Lisboa desde 1993. “Acompanhei a chegada das equipas ao trabalho de rua e à sua procura na forma de melhor ajudar os sem-abrigo”.
Pela experiência que tem, acompanhou as mudanças que a actual crise desencadeou, nomeadamente no aumento dos pedidos de ajuda e na mudança da população que acompanham. “A mais visível engloba as famílias que sentem dificuldades para colmatar necessidades mais básicas e que, pela primeira vez, procuram ajuda”.
Os pedidos de ajuda aumentam e, sensíveis às dificuldades, também as respostas parecem crescer. Celestino Cunha aponta que “toda a ajuda é bem vinda”. As ajudas menos profundas ou as motivadas por más razões “não ficam 20 anos”, adverte. “As ajudas que prevalecem têm uma base de confiança e respeitam as necessidades objectivas das pessoas”.
Chegar à situação de sem abrigo relaciona-se com a falta de esperança, “a perda de ânimo e de vontade”. O trabalho em rede “pode ajudar a não chegar a esta fase”, explica o psicólogo. Júlio Neves adianta que a comunidade trabalha com as pessoas mais frágeis da sociedade. “No nosso pensamento está a sua condição humana sempre presente. São sempre pessoas. E por isso, têm sempre condições de recuperação. Tentamos que a sua vida seja o mais digna possível”.
É para dotar de dignidade as pessoas que se vêem sem ela que Paula Bonifácio é voluntária na Comunidade Vida e Paz. Esta voluntária participa na equipa que prepara os lanches e também numa das equipas da ronda nocturna.
Paula Bonifácio foi inicialmente surpreendida pela “quantidade de pessoas que estão nas ruas”. Passada a impressão inicial, vê “cada vez mais pessoas, pobres envergonhados diferentes dos habituais sem-abrigo, que , apesar de constrangidos, se dirigem às carrinhas pedir alimentos diários”.
Assume que enquanto cidadã este trabalho é essencial. “Devemos ser activos na sociedade e ajudar os outros”. Também enquanto católica “faço um pouco o que Jesus fez, que é ajudar os outros, em especial os que mais precisam”. Paula Bonifácio acredita que este trabalho “torna-se mais gratificante para mim do que para as pessoas que ajudo”.
Nacional Agência Ecclesia 20/04/2009 17:42 3726 Caracteres
65 Solidariedade

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