terça-feira, 5 de março de 2013

Afinal em Portugal não estamos assim tão mal...

 
 
Afinal em Portugal não estamos assim tão mal...
 
no que se refere à mortalidade perinatal.
 
A Euro Peristat, de cujo Comité Científico faz parte o representante português Prof. Henrique Barros do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Porto, reportando-se a dados recolhidos para o ano de 2004, divulgou recentemente o seu relatório no que se refere a dados sobre as percentagens de mortalidade perinatal na sua relação com o número de nascimentos em cada um dos 25 países da Comunidade Europeia mais a Noruega em 2004.
 
Nesse relatório, que não deixa de ser curioso nas suas dramáticas conclusões, pode verificar-se um realinhamento no ranking dos países com maior ou menor taxa de mortalidade perinatal que não encontra correspondência com a imagem normalmente construída sobre o bem estar e os cuidados de saúde a nível europeu e que diferencia em quase todos os sectores os países mais ricos e os países mais pobres dentro desta mesma Comunidade Europeia (mais a então candidata à adesão Noruega).
 
Assim, Portugal, com 3.8 mortes perinatais por cada 1.000 nascimentos encontra-se em igualdade estatística (neste plano) com a Hungria, um ponto abaixo da Austria (com 3.7), da Alemanha com 3.5, da Finlândia com 3.3, da Espanha com 3.2 (havendo aqui que referenciar que este país aparece estatisticamente separado entre Espanha com 3.2 e Valência com 4.3 o que no globo dá aproximadamente 3.5), a Suécia aparece com 3.1 assim como o Luxemburgo e a Eslováquia, com a melhor performance de todos os 26 países estudados, contabiliza 2.6 mortes perinatais por cada mil nascimentos.
 
O estranho, sem deixar de ser significativo de alguma coisa (redireccionamento diferenciado de recursos na saúde, por exemplo ) é que abaixo de Portugal, com valores que vão dos 3.9 mortes perinatais da República Checa aos 9.1 da França (10.7 na parte ultramarina), vamos encontrar neste intervalo países como a Bélgica, a Dinamarca, a Estónia, a Irlanda, a Grécia, a Itália, a Letónia, a Lituânia, a Hungria, a Holanda, a Polónia, a Eslovénia, o Reino Unido, que se encontra dividido dente Inglaterra e País de Gales com 5.7, a Escócia com 6.7 e a Irlanda do Norte com 6.3 e por fim, na lista, a Noruega com 4,5.
 
Embora o critério para a definição de morte perinatal varie nalguns casos no limiar da sua definição com «aborto espontâneo» entre «0» (Espanha e Luxemburgo) e 500 grs de peso do feto e o tempo de gestação (22 semanas a 28 semanas - Portugal adopta as 24 semanas de gestação) os números apresentados no relatório da Euro Peristat não deixam de demonstrar que o factor do acompanhamento da grávida durante a gestação é um factor que merece uma maior atenção quer das entidades de saúde quer como preocupação das próprias populações nuns países mais que noutros não dependendo exclusivamente dos meios colocados à disposição das populações a sua utilização ou frequência.
 
Outros factores não deixarão de ter a sua influência nestes números, factores estes que seria interessante escalpelizar uma vez que as estatísticas atravessam os factores religiosos (comparando Espanha com a Irlanda, por exemplo) e são aparentemente independentes do factor migratório (embora a Inglaterra e a França tenham números elevados vamos encontrar o Luxemburgo com um número relativamente baixo de mortes perinatais tal como a Alemanha).
 
Daniel Teixeira

Janeiro de 2009

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