quinta-feira, 18 de abril de 2013

Verdade ou mentira? - COLUNA UM - Daniel Teixeira

 
 
COLUNA UM - Daniel Teixeira -  Verdade ou mentira?
 
 Falar verdade segundo o nosso amigo Aristóteles é, sumariamente «dizer daquilo que é, que é e daquilo que não é que não é». Assim segundo este velho mas sempre actual filósofo, não se trata apenas de afirmar pela positiva mas também de afirmar pela negativa, ou seja, dizer também do que não é que não é.
 
Quando se fala a verdade, normalmente e no entendimento comum, é falar / dizer «apenas» a primeira parte do exigido, esquecendo-se muitas vezes, o «dever» de afirmar pela negativa.
 
Dizer o «Rei vai nu» não chega, portanto, também seria necessário dizer, caso fosse outro o caso, que o Rei não vai bem vestido, por exemplo, caso o dito rei trajasse um hábito que não fosse próprio da sua condição, por exemplo, isto entendendo, que a sua posição requeria um trajar diferente daquele que ele levasse.
 
Talvez 90% das verdades que se dizem, neste mundo, numas contas muito sumárias, sejam verdades ditas no primeiro sentido: a verdade afirmativa. Utilizam-se os outros 10% também normalmente para fazer critica política, esgotando-os quase sempre. Não fica margem para mais...
 
No entanto esta segunda forma de dizer a verdade, negando uma outra «verdade» ou dizendo simplesmente daquilo que não é que não é, seria, na minha opinião a forma mais interessante de dizer a verdade. Uma parte dos 90% de verdades ditas, uma parte grande, são cobertas pelas afirmação da evidência. Assim é como dizer verdades de nada...é como «encher pneus».
 
A nossa sociedade em qualquer parte do mundo precisa de mais verdades que contestem e de menos verdades que digam o evidente, aquilo que toda a gente sabe, aquilo que toda a gente vê. «O Rei vai nu», dito por uma criança, teve apenas o condão de dizer aquilo que todos viam.
 
A  piada da afirmação / constatação do miúdo é que a verdade «submetida» ao politicamente correcto ou à crença se libertou. Mais nada...
 
No caso da cultura e da arte também precisamos mais de afirmações pela negativa...dizer por exemplo que muita «poesia» que anda por aí por essa Net não é poesia, que muitos escritos são meros exercícios de lustração egocêntrica.
 
Enquanto a percentagem de verdades ditas pela forma da contestação não subir percentualmente de forma sensível não saímos mesmo da cepa torta.
 
Sejamos tolerantes com todos sim mas sejamos amigos  de todos também não enganando o próximo com a nossa «verdade» politicamente correcta...
 
  Daniel Teixeira
 
 

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