sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Roberto Santandreu expõe na Galeria Arte Periférica

Cultura Outros

Roberto Santandreu expõe na Galeria Arte Periférica

"Reflexões na Patagónia" do chileno Roberto Santandreu, patente na Galeria Arte Periférica, de 17 de Fevereiro a 10 de Março, resulta de uma parceria entre a Casa da América Latina e aquele espaço de cultura.
Roberto Santandreu, um chileno radicado em Portugal desde 1975, transporta para "Reflexões na Patagónia"o seu olhar sobre Puerto Natales, província da Patagónia chilena.

Percorrendo as ruas da povoação, as cores vibrantes de Puerto Natales evocavam histórias acontecidas, as imigrações do século XIX, o genocídio indígena ocorrido naquela zona, as insurreições e a Comuna de 1919, organizadas por anarquistas, os bandidos perseguidos pelos xerifes, que tentou imortalizar na fotografia.
Para Roberto Satandreu a Patagónia é um lugar mítico, presente no imaginário universal, tão bem descrito por Bruce Chatwin nos seus livros.
Quando regressava das Torres del Paine, deslumbrantes montanhas situadas no sul da Cordilheira dos Andes, detive-me em Puerto Natales, província da Patagónia chilena denominada Última Esperanza.
Dispunha de algumas horas, pois aguardava a ligação do autocarro que me levaria a uma das cidades mais austrais do mundo – Punta Arenas.

Ali, em Puerto Natales, enquanto percorria as suas ruas, iluminadas pela luz dura e fria, as cores vibrantes das suas casas, evocavam-me tantas histórias acontecidas.
As imigrações do século X IX, as presenças ou ausência indígenas fruto do genocídio ocorrido nesta zona, as insurreições e a Comuna de 1919, organizadas por anarquistas, os aventureiros que por aí haviam passado, assim como, famosos bandidos perseguidos por xerifes.

Tudo isto conferia àquele ambiente uma atmosfera de mistério semelhante ao de uma povoação do Far West, dos já longínquos anos de oitocentos.
As poucas horas de que dispunha levaram-me a brincar com o tempo em forma de exercício íntimo com a minha câmara.
O estímulo provocado pelo entorno, com ruas e casas de arquitectura peculiar, fazia com que surgisse uma quantidade de ideias e recordações.
Umas racionais e organizadas, outras espontâneas e caóticas, ligadas à experiência vital.
O carácter lúdico da minha atitude de entrelaçar o tempo com conceitos e com o olhar comandou o obturador da câmara que também é tempo.
A história, a poesia, a literatura e as minhas vivências tornaram-se presentes nessas reflexões.
São algumas delas que desejo partilhar convosco através deste trabalho, jogo do tempo, que não é outra coisa senão a metáfora da minha vida.



Zita Ferreira Braga


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